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Leia outros capítulos: Capítulo 1, Capítulo 3, Capítulo 4
Capítulo 2: Ela! Na mente de Snape!


No dia seguinte Snape seguiu cedo para o salão principal.
Hora do café da manhã. Após concluir que todos os alunos já estavam em seus devidos lugares, o diretor da Sonserina pousou os olhos sobre a mesa grifinória. Procurava por ela! Atento, olhou todos os lugares daquela mesa. Percebeu Rony cutucando Harry com aparência de assustado quando passou sua vista firme por eles. "Não, senhor Potter, hoje não quero nada com o senhor e seu bando!", limitou-se a pensar, percebendo que Harry o fitara também. "Inferno! Onde estará aquela grifinória petulante? Ela não está aqui!".
Já na sala dos professores, após o café, Snape esperava o momento de sua primeira aula do dia. Pensativo, permitiu que seus negros olhos caíssem sobre os outros professores conversando entre si. Não conseguia ser sociável como os outros, não sabia ser... e também não queria. Sempre gostara de falar apenas o necessário, quando necessário.
Imaginou se seria muito estranho aproximar-se agora para conversar sobre uma aluna. "Seria!", concluiu um milésimo de segundo depois. Havia algo estranho com aquela garota, disso ele tinha certeza, mas colher informações ali não seria o mais adequado. Num outro momento, e se fosse realmente preciso, falaria diretamente com Dumbledore sobre isso. Ponto final.
"Se não estava no salão principal para o primeiro banquete do dia é bem provável que não vá às aulas hoje! Estará doente?". Snape levantou-se de súbito ao passar repentinamente essa hipótese por sua cabeça. "Doente? Poderia ser?". Ah, agora ele lembrava-se! Tinha que ir até a ala hospitalar a pedido de madame Pomfrey. Sorriu de forma cínica para si mesmo. Se tinha que ir, iria agora. Afinal, ainda tinha algum tempo antes do início de suas aulas.
Snape caminhava imponente pelos corredores de Hogwarts, seguindo para o quarto andar. O passo bastante ordenado, a coluna elegantemente ereta, as vestes, como sempre, totalmente pretas em completa harmonia com a capa que sobressaia-se ora para trás, ora para os lados de seu corpo. Estava ali andando entre alguns alunos que seguiam para suas aulas e, mesmo que não premeditasse, se via olhando de esguelha para um e outro. Quem sabe não cruzaria com ela pelos corredores como sabia que já havia acontecido antes, numa outra época. Só não sabia quanto tempo poderia fazer isso.
A única coisa que sabia até o momento era que tudo o que ela, grifinória atrevida que só ela, fizera desde que retornara a Hogwarts foram coisas definitivamente fora dos limites do admissível. Se achava que perder cem pontos para a sua casa era suficiente para sanar todos os problemas que criara, logo perceberia que estava totalmente enganada.
Gillian, no entanto, não estava na ala hospitalar. Não estava em parte alguma por onde Snape passara aquela manhã. "Será que está fugindo de mim? Não seria de admirar se estivesse", pensou já saindo do quarto andar. E se estivesse na biblioteca? Não custava passar sorrateiro por lá e dar uma olhada, afinal estava bem próximo do segundo andar daquela seção. Mas Gillian não estava lá também. "Demônios! Onde se meteu?!". Snape começava a se irritar por não encontra-la. Ok! Iria, apenas por ser seu caminho, passar pelo primeiro andar da biblioteca.
Ao entrar, vasculhou o local apenas com os olhos. Os alunos que lá estavam o olharam com claro receio. Estava evidente que procurava alguém e praticamente todos pediram que, por Merlin, não fosse nenhum deles. Snape sentiu, contrariado, a sobrecarga de temor que se abatera no lugar apenas por sua presença.
— Desprezível... — foi só o que resmungou baixinho entre os dentes.
Já ia dar as costas para ir embora dali quando ouviu uma voz estridente chamando-o.
— Iuhuuuu! Professor Snapeeeee!
Snape olhou na direção do chamado para ver exatamente quem ele estava procurando num canto mais afastado da biblioteca. Gillian estava com um sorriso enorme enquanto acenava freneticamente para ele.
Snape revirou os olhos. Não, ela não poderia estar fazendo aquilo! Por um momento fechou os olhos e respirou fundo. Olhou dos lados. Aparentemente ninguém tivera coragem de encará-lo mesmo diante de tamanha falta de respeito de uma aluna para com ele. Nem em mil anos ele poderia perdoar tal ato!
Então, como se não tivesse outra opção, deslizou devagar até a mesa da amaldiçoada grifinória; os olhos fuzilando-a enquanto se aproximava.
— Nunca--mais--faça--isso! — ele disse quase perdendo a compostura enquanto tentava controlar a todo custo o dedo indicador apontado diretamente para o nariz dela.
— Nunca mais faço o quê? — ela perguntou franzindo a testa, aparentemente sem entender mesmo. — Senta um pouco, professor! — ela apontou para uma cadeira ao lado da dela, vazia. Aliás, todas as mesas do fundo estavam vazias pelo horário. A maioria dos alunos estava em aula.
— Eu estava procurando pela senhorita — Snape simplesmente ignorou a oferta da cadeira.
— Eu sei. Me encontrou — e sorriu.
— Ainda me deve muitas explicações, senhorita Ridley.
— Será que eu posso pagar com... — ela puxou alguma coisa que estava presa no cabelo e a colocou em cima da mesa — isso? — era uma flor azul de pólen vermelho.
— Detenção! — ele bradou, mais uma vez ignorando as palavras dela.
— Detenção — ela repetiu. — Por quê?
— E ainda se atreve a questionar uma ordem minha? Primeiro, invadiu meus aposentos e até agora não apresentou nenhuma explicação plausível nem de como e muito menos porque fez isso! Segundo, desrespeitou obscenamente um professor em sua...
— Espera um pouco! — ela o interrompeu. — Eu fiz o quê? Que negócio é esse de obscenamente? Quando foi que eu fiz isso?
— Não me obrigue a fazer referências — disse ele entre dentes, olhando para um lado e depois para o outro de forma circunspeta.
— Se está falando do beijo, eu acho que não foi nada obsceno!
E Snape mal pôde acreditar que ela tivera coragem de pronunciar aquilo em público. Sua respiração falhou naquele instante e ele mais uma vez olhou para os lados, tentando perceber se alguém teria ouvido o disparate que aquela grifinória doida acabara de proferir.
— Lavará os corredores e paredes das masmorras até que toda a masmorra esteja brilhando! E sem qualquer tipo de feitiço para auxiliá-la! Começará hoje e seguirá pelo final de semana a dentro! — foram as últimas palavras de Snape antes de dar as costas e ir embora em passos firmes com uma sonoridade muito mais arrogante que o comum.
Gillian restringiu-se a observar o afastamento de Snape em silêncio. Seu semblante tornou-se sério de um momento para o outro. De repente olhou para o local onde tinha colocado a flor de seu cabelo. Ela não estava mais lá.

Snape caminhava rapidamente em direção à sua próxima aula. Pela segunda vez, a maldita o fazia atrasar-se para uma aula. Isso era inconcebível! INCONCEBÍVEL!
Ao se aproximar das masmorras, abriu uma das mãos para contemplar a flor que ele pegara sem que ela notasse de cima da mesa da biblioteca. Após certificar-se de que ninguém o estava olhando, levou a flor até a altura do nariz e inalou o perfume. "Agora sei porque sempre sinto o cheiro de cellidios azuis quando estou próximo a ela. Anda com eles impregnados nos cabelos!", pensou antes de arremessar a flor num depósito de lixo no caminho.

Ao concluir a última aula do dia, Snape dirigiu-se à sua sala a fim de tomar um banho e preparar-se para o jantar daquela noite. Passando pelos corredores da masmorra, encontrou Gillian arrastando um esfregão pelas paredes e piso. Do lado dela, um enorme balde cheio de água com sabão. A garota parecia cansada e de sua testa a abrir caminho pelo rosto, pescoço e costas escorria suor como em bicas. Snape sentiu um misto de pena e satisfação ao vê-la daquele jeito. Era um castigo pesado demais para uma jovem franzina como ela, mas isso a faria pensar duas vezes antes de desafiá-lo novamente. Aos poucos, ela se acostumaria a respeitá-lo como todos os outros alunos de Hogwarts. — Divertindo-se, senhorita Ridley? — ele fez-se ser notado.
Gillian virou-se para ele e sorriu.
— Já terminou as aulas, professor?
Snape fechou a cara. O que interessava a ela se ele já tinha ou não concluído as suas aulas?
— Está gostando? — ela apontou para as paredes, ignorando o fato de não ter recebido qualquer resposta quanto à pergunta anterior. — Está ficando bom, não acha? Fico feliz de estar fazendo isso pelo senhor.
— Fazendo por mim? Não por mim! PARA mim! A senhorita está cumprindo uma ordem, senhorita Ridley! E admito... a está cumprindo bem. Seu trabalho está bem razoável — disse, avaliando melhor as paredes.
— Obrigada! Como eu disse, fico feliz!
— Por hoje já chega! Pode recolher-se às suas acomodações... tirar essas roupas molhadas de suor... tomar um banho... — e Snape sentiu que sem querer arrastara a voz mais do que deveria ao pronunciar essas duas últimas frases — e ir jantar! — concluiu resoluto ao dar-lhe as costas, temendo que estivesse com a face corada pelo pensamento que tivera.
— Eu não estou com fome — ela exclamou ao mestre que já se afastava dali.
— Mesmo assim, está dispensada por hoje! — ele respondeu sem se dar ao trabalho de voltar a encará-la.
  Três dias depois....
Snape caminhava devagar pelos corredores das masmorras. Tudo estava em perfeita ordem e, como ele mesmo exigira, brilhando! Ele olhava atentamente cada ponto, cada detalhe e precisava admitir, estava ótimo! Ocorreu-lhe que ela ainda estivesse por ali, pois na última vez que atravessara os corredores, ela ainda não tinha concluído e não fazia muito tempo, só poucas horas, quando ela sorrindo afirmou ser fã incondicional de Snape e arrancando dele um olhar desaprovativo por tal afirmação.
Averiguou todos os pontos.... Ela não estava mais presente nas masmorras.
Por olhar a tudo tão atentamente foi que Snape percebeu jogada ao chão, largada, esquecida num cantinho formado pelo encontro do piso e da parede, uma cellidios azul. Ele ficou ali olhando para a flor como se estivessem travando um duelo visual. Só depois de algum tempo ele aproximou-se, abaixou-se e pegou-a com certo zelo. Acabaria por colocar em dúvida a verdadeira dona daquela fragrância. Já não sabia dizer se era a cellidios azul que passava seu perfume para Gillian Ridley ou vice-versa. Só sabia que já era de Gillian, e não da cellidios, que ele lembrava-se sempre que sentia aquele aroma.

Continua...

Postado por @FromHogwarts terça-feira, 26 de outubro de 2010

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