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Capítulo 4: Ela! Na Cama de Snape!

 
Gillian arrependeu-se amargamente de ter iniciado aquela maldita frase.
— Severus, é que... — disse fechando os olhos e passando uma das mãos pela testa suada.
— É que o que, Gillian? Vamos, conclua o que estava dizendo!
— É que não me sinto bem — e fez ares de quem estava prestes a desmaiar.
— Isso não é verdade. Você não tem absolutamente nada, minha cara, a não ser o dever de terminar a frase que iniciou.
— Não! É verdade sim, Severus... Eu não me sinto muito... — e sem terminar mais essa frase, Gillian caiu totalmente por cima dele.
Snape então se apavorou. Levantou-se rapidamente, mas com cuidado, estendendo Gillian no comprimento da cadeira. Ele tocou em seu pulso, na lateral de seu pescoço e em sua testa. Pulsação e temperatura alteradas. Snape não entendia o que estava acontecendo. Seria fingimento? Poderia ser? E se não fosse? Ele chamou ainda várias vezes pelo nome dela enquanto dava-lhe tapas leves no rosto, mas nenhuma resposta. Para completar, Snape sentiu que a respiração dela estava ficando cada vez mais difícil. "Demônios!", pensou percebendo que precisaria de uma poção. Olhou na direção das poções em sua prateleira... precisava de uma curativa.
Accio receptáculo! — gritou fixando o olhar num recipiente onde havia um líquido de cor verde azulado; o recipiente voou velozmente em sua direção estacionando exatamente em uma de suas mãos. — Pronto... Aqui está. — ele sussurrou enquanto voltava os olhos para Gillian.
E Snape não pôde acreditar naquilo. Por um momento tirara os olhos dela para trazer até si a poção curativa. Foi só por um momento. Cinco segundos, no máximo! Por cinco segundos Snape a tirara de seu campo de visão e então.... ela não estava mais lá!
Gillian havia sumido!
— Não pode ser! — disse sem acreditar que ela o estivesse enganando, que tudo fora um teatro e que, em apenas cinco segundos, ela conseguia mais uma vez sumir de sua vista. — Não! Não! Não! Não pode ser! Gillian! — ele gritou — Gillian! — gritou de novo enquanto com um gesto de sua varinha fazia com que todas as tochas da sala se acendessem de uma só vez, fazendo assim companhia àquela única tocha acesa que, só agora ele percebera, Gillian tinha trazido consigo até a sala. Era verdade, ela não tinha uma varinha!
Sem pensar duas vezes, Snape dirigiu-se rapidamente até a porta. Aonde ela teria ido? Aonde? Teria que acha-la de qualquer jeito!
Snape saiu correndo pelos corredores escuros das masmorras até alcançar o salão de entrada. Nem sinal dela! Gillian não estava em parte alguma. "Nos arredores de Hogwarts!, ele acabara de lembrar-se. Foi onde ela dissera que estava passando as noites! Talvez... E Snape olhou para a saída da Escola! Não hesitou!
Lá fora o breu era total! Snape contava apenas com a luz emanada da ponta de sua varinha. Um breve plumos, contudo, fora o suficiente para o brilho intensificar-se consideravelmente.
Snape nem sabia por onde começar. Andava devagar olhando em todas direções quase que ao mesmo tempo tentando perceber algum movimento, algo que indicasse uma direção e foi nesse momento que, num relance, ele viu um vulto ao longe. Snape parou e o seguiu primeiramente com os olhos. Depois correu em sua direção. Estava escuro demais! Não tinha certeza se era ela, mas infernos! Tinha que ser!
Contudo ao alcançar o ponto onde achara que o vulto tinha estacionado, não encontrou nada nem ninguém. Snape estava agora na entrada da Floresta Proibida. Daquele ponto ele podia ouvir diversos barulhos noturnos de criaturas mágicas. Gillian poderia estar lá? Só havia um jeito de saber. O mestre das poções já estava entrando na floresta quando sentiu uma mão segurar seu braço fortemente. No susto, virou-se imediatamente apontando a varinha em posição de ataque. Porém vendo de quem se tratava, expulsou pela boca o ar preso em seus pulmões contraídos pela tensão e baixou a guarda.
— Você é uma grifinória muito irritante, Gillian! — ele falou por entre os dentes lançando-lhe um olhar de puro aborrecimento — Posso saber por que diabos está aqui fora?
Gillian não respondeu. Ela apenas olhava fixamente dentro dos olhos dele.
— Responda! — Snape gritou.
— Shhhhh... — foi o único som proferido por ela colocando o dedo indicador sobre os lábios.
Depois ela olhou para um lado e para o outro como se estivesse em estado de sentinela por algum motivo. Snape não entendeu, mas também olhou nos mesmos sentidos que ela. Se algo estava acontecendo, ele tinha que saber o que era.
— Abaixe-se! — ela disse voltando a segurar forte no braço de Snape e forçando-o, juntamente com ela, a jogar-se no chão — Apague a varinha, Severus!
— O quê? — Snape não fazia idéia do que estava ocorrendo ali.
— Vamos, rápido! Apague logo essa varinha! Não há tempo a perder!
Nox! — Snape pronunciou baixinho sentindo um calafrio percorrer-lhe a espinha.
— Agora venha até aqui — Gillian ainda o segurava pelo braço e o fez se aproximar mais dela.
— Diga-me, Gillian... — Snape sussurrou ao passar um braço sobre os ombros dela e trazendo-a para bem junto de si até sentir o corpo dela recostar-se completamente no seu; afinal, pensava Snape que se estava acontecendo algo, ele teria de protegê-la — o que está acontecendo? Do que estamos nos escondendo? — indagou, tentando captar qualquer aproximação de perigo.
Foi aí que Snape sentiu múltiplos calafrios tomarem conta de seu corpo ao perceber que havia realmente uma ameaça.
E a tal ameaça estava em seus braços, começando a deslizar as mãos por seu tórax, roçando o rosto e cabelos em seu pescoço.
— Gillian... — ele voltou a sussurrar, esforçando-se ao máximo na tentativa de demonstrar indiferença ao que ela estava fazendo — afinal do que estamos nos escondendo?
— Do vulto... — ela respondeu em seu ouvido virando com um dedo o queixo de Snape para a entrada da floresta proibida. O vulto que ele vira entrar na floresta agora estava saindo de lá.
— Você sabe de quem é... — "aquele vulto" era o que Snape ia perguntar, mas Gillian trouxe de volta o rosto dele em sua direção e o beijou.
"Por que ela tem sempre que fazer coisas absurdas em horas tão impróprias?", pensou, sentindo Gillian jogar o peso de seu corpo sobre ele e lentamente Snape foi deitando na relva branda do local enquanto sentia mais uma vez o quente sabor daquela pequena boca grifinoriana. Por sua própria conta, Snape segurou-a fortemente pelos ombros e fê-la girar cento e oitenta graus com ele para assim ficar sobre ela.
— Que você é completamente louca eu já sabia desde o início, menina. — ele balbuciou acariciando o rosto dela com o seu — Eu só não imaginava que loucura era algo transmissível e muito menos que eu não estava imune a isso — e colou seus lábios nos dela com ansiedade enfiando os dedos enormes pelo comprimento dos cabelos desarrumados de Gillian.
— Quem está aí?! — alguém gritou.
Snape suprimiu o beijo num susto e levantou a cabeça rapidamente tentando ver alguma coisa em meio àquela escuridão quase mortal. Aquela voz... O vulto... Então era ele! Hagrid! "Mas o que esse imbecil do Hagrid estaria fazendo no meio da noite na floresta proibida?", pensou ao sair parcialmente de cima de Gillian.
— Nós temos que sair daqui. — Snape sussurrou.
A verdade era que ele poderia sumir dali a hora que quisesse, mas não estava com qualquer intenção de usar magia naquele momento e correr o risco de, talvez, perder a presença de Gillian durante o processo. "Por algum motivo meus feitiços não funcionam com ela! O que faço?".
— Não se preocupe, Severus... — Gillian tateou com as mãos pelo chão até achar uma pedra, depois a jogou para bem longe deles.
A pedra foi parar do outro lado fazendo barulho e causando movimento pelos arbustos mais próximos de onde caiu.
— Será que é tão estúpido a ponto de cair nesse jogo infantil? — Snape indagou com os olhos fixos no lampião brilhante de Hagrid já bem próximo a eles.
Ao ouvir o barulho, Hagrid correu até lá se afastando assim do casal.
— Sim, ele é! Vamos! — Snape segurou na mão de Gillian e os dois saíram apressadamente dali.
Sempre segurando Gillian pela mão como quem segura uma criança fujona, Snape adentrou a escola e caminhou pelos corredores da masmorra até chegar em seu quarto. Só depois de entrar e trancar a porta, ele a soltou. Ficou olhando pra ela sem dizer uma palavra. Quem era ela? E que tipo de feitiço a protegia? Sim, com certeza Gillian estava sendo protegida por uma magia muito poderosa, magia que não vinha propriamente dela, Snape sabia, era uma magia externa, mas de onde e de quem? Nem mesmo conseguia explorar sua mente por conta de tal proteção, o mais provável era que nada a atingisse, nada! Nem encantos nem poções!
— O que foi? Por que está me olhando assim? — Gillian sorriu ao perguntar — Por acaso está me achando muito bonita?
— Por acaso, eu estou. — ele respondeu sério, apesar do elogio — E não faço idéia do porquê de uma garota tão... — fez uma pequena pausa — bonita estar tentando criar esse tipo de envolvimento justamente comigo. Você trabalha para alguém?
— O quê? — Gillian arregalou os olhos — Eu não estou entendendo, Severus. Como assim?
— Não está entendendo. — ele repetiu as palavras dela seguidas de um muxoxo — Que pena!
— Por que você está falando assim comigo? Eu não trabalho para ninguém! — Gillian gritou com o olhar abalado.
— E se eu insistir com esse assunto, provavelmente você vai sumir de repente de novo.
— Eu estou com sono, Severus. É muito tarde, vai amanhecer em menos de três horas e você não dormiu nada também. Podemos dormir um pouco?
— Dormir? Acha que vou tirar os olhos de você para... — e arqueou uma sobrancelha — dormir?
— Eu não vou fugir, eu juro.
— Não pretendo correr o risco.
— Pois então venha... — Gillian o pegou pela mão e seguiu até a cama — Eu vou dormir um pouco na sua cama, está bem?
— Eu concordo. Durma. — Snape trouxe uma cadeira no mesmo instante e sentou-se ao lado da cama.
— Ah não! Não acredito que pretende ficar aí. — Gillian suspirou balançando a cabeça de modo negativo — Se quer realmente me vigiar de perto, deveria ficar aqui. — e bateu com uma das mãos no colchão ao lado dela.
— Não seria... — e Snape engasgou — Han! — tentando limpar a garganta — Não seria conveniente.
— Eu estou com muito sono, não ouviu? Não precisa ter medo de mim! — Gillian sorriu ao dizer isso.
Snape não podia negar, pelo menos não para si mesmo, estava louco de vontade de deitar-se ao lado dela e com aquele sorriso convidando-o então...
— Não tenho medo de grifinórias loucas. Eu só...
— Só? — ela sorriu de novo e chamou-o com um dedo.
Aquele sorriso. Aquele maldito – ou seria bendito? - sorriso!
"Pro inferno todas as leis e regras e éticas e consciências que dizem que eu não posso!".
Snape levantou-se da cadeira, se aproximou da cama e sentou-se na borda.
— Só que provavelmente vou adormecer se eu me deitar nesta cama e perderei contato visual com você.
— Eu já disse que não vou fugir. Venha... — Gillian o puxou em sua direção e lhe deu um leve beijo nos lábios.
Depois disso ela deitou-se e Snape fez o mesmo sentindo-a aconchegar-se junto ao seu corpo. Sem querer pensar mais a respeito de aquilo tudo, ele passou os braços em volta dela e cheirou seus cabelos. Não havia nenhuma cellidios neles aquela noite, mas o perfume ainda estava lá.
— Boa noite, Severus... — ela murmurou apoiando as mãos sobre as mãos dele.
— Boa noite, Gillian...
— Eu te amo.
Snape apenas ouviu, fitando um ponto qualquer na escuridão que acabava de inundar o quarto após a ordem de que as tochas ainda acesas apagassem-se todas.
E dormiram...

Na manhã seguinte, Snape abriu os olhos num ímpeto e ergueu-se imediatamente na cama. Ela ainda estava lá! E ele agradeceu em pensamento por isso. Gillian ainda dormia. O professor então levantou-se e começou a se aprontar para a refeição matinal. Ao terminar e percebendo que Gillian não pretendia acordar tão cedo, resolveu chamá-la.
— Gillian... — ele falou num tom bem baixo próximo ao seu ouvido — Acorde. Eu preciso sair.
Gillian foi abrindo os olhos devagar e sorriu.
— Bom dia!
— Eu espero que sim.
— Um beijo de bom dia?
Snape gelou. Ela estava lhe pedindo um beijo de bom dia? "Está realmente louca se acha que eu vou debruçar-me sobre ela para beija-la apenas para lhe desejar..." e antes de concluir o pensamento, foi puxado de novo pela nuca e recebeu um beijo estalado nos lábios. "E eu não decido mais nada por aqui?", pensou quase indignado quase radiante.
— Eu preciso deixar o quarto, Gillian. Vou até o salão principal e depois darei aula.
— Eu fico aqui?
— Não. Você vem comigo. Vamos falar com Dumbledore. Precisamos regularizar a sua situação nesta escola de uma vez por todas.
— Não!
— Não? — Snape a olhou surpreso — Não quer voltar a freqüentar as aulas normalmente e se formar?
— Não! Isto é, sim... Mas não estou preparada ainda. Por favor, Severus, falaremos com o diretor Dumbledore depois.
— Depois quando?
— Eu não sei. Depois...
— Depois de você me contar o que está acontecendo de verdade?
— Traz alguma coisa pra eu comer?
"Droga! Eu odeio essa sua mania de ignorar minhas perguntas!", ele só pensou, preferindo não dizer nada em refutação. Limitou-se a pegar sua capa e coloca-la elegantemente em volta do pescoço.
— Minha nossa! — Gillian suspirou, admirando-o.
Snape desviou os olhos para ela instantaneamente.
— O que foi? O que houve? Do que lembrou?
— Não foi nada. Só você que está tão lindo! — ela sussurrou ainda extasiada.
Decididamente não era a resposta que Snape esperava para aquele "minha nossa!". Ele simplesmente ficou sem palavras e apenas baixou os olhos sentindo a face arder em rubor. "Por que ela faz essas coisas comigo? Por Merlin!".
Snape voltou a se aproximar da cama, lugar de onde Gillian ainda não tinha levantado. "O que estamos parecendo?", pensou ele voltando a sentar na borda da cama. "Marido e mulher? Me sinto ridículo!".
— Agora eu vou sair. Me prometa que não fugirá. Prometa que ficará aqui até eu voltar.
— Só se você prometer não contar nada para o diretor Dumbledore por enquanto.
— Apenas por enquanto. Decidi que você terá um prazo, minha cara Gillian, para me contar tudo. Depois disso...
— E qual seria esse prazo?
— Eu ainda não sei, mas com certeza não é extenso.
— Hummm... um beijinho de "até logo"?
Snape revirou os olhos.
— Até logo! — ele disse, levantando da cama e se dirigindo à saída.
Porém antes de sair, Snape parou. Parou, respirou profundo e virou-se. Gillian estava lá na mesma posição com o olhar desconsolado fitando suas costas.
"Por todos os magos do universo! Não acredito no que estou fazendo!". Snape começou a voltar até ela, sentou-se de novo na cama, segurou-lhe a nuca e tomou-lhe os lábios por alguns segundos.
— Até logo, Gillian. — ele murmurou após suas bocas se afastarem.
— Obrigada, Severus! — e Gillian agarrou-se em seu pescoço num terno abraço. — Obrigada por ter voltado.
— Eu tenho que ir. Comporte-se na minha ausência.
— Eu prometo. — disse beijando-lhe o ombro sob a capa — Que fique bem claro que eu te amo, está bem? — ela falou em seu ouvido por fim.
— Que fique muito mais claro que eu ainda não entendo você, menina. — ele também falou ao ouvido dela antes de levantar e sair de vez da sala.
Nunca sair de sua sala fora tão difícil.



obs.: a palavra plumos é a combinação das palavras plus e lumos



Continua...

Postado por @FromHogwarts terça-feira, 26 de outubro de 2010

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